Quero fazer um convite para quem está se perguntando onde e como criar um negócio de sucesso. Santa Maria tem a oportunidade que você precisa. Quando afirmo essa condição, não falo como vice-prefeito ou imbuído de um espírito bairrista. Falo como alguém que vive no coração do Rio Grande do Sul há quase quatro décadas: aqui estudei, graduei-me em Engenharia Civil, consegui o primeiro emprego, criei minha própria empresa e, atualmente, moro com minha família e é onde meus filhos estudam. Portanto, preocupo-me com o desenvolvimento da nossa cidade e julgo que posso apontar caminhos a serem explorados na imensidão cosmopolita de Santa Maria.
Começo por um local encantador: o Centro Histórico Ferroviário, isto é, a região onde está o Distrito Criativo Centro-Gare. Santa Maria chegou a ser, no século passado, o principal entroncamento ferroviário do Rio Grande do Sul e, conforme alguns historiadores, de toda a região sul do Brasil. Os trilhos que levavam a Porto Alegre e até mesmo a São Paulo passavam na nossa Estação Férrea. Imagine a pujança econômica advinda dessa posição estratégica na logística daquele que era o principal modal de transporte da época. Enfim, com a extinção da Rede Ferroviária Federal e da sua concessão para a iniciativa privada, o patrimônio da instituição caiu no abandono, e a vida comercial e cultural de espaços como a Gare, a Vila Belga, a Associação dos Ferroviários, a Cooperativa dos Ferroviários – a maior da América Latina –, entre outros, foi para a mesma vala.
O que não foi abandonado foi o espírito saudoso da população em relação a esse patrimônio. Com o movimento do Distrito Criativo Centro-Gare, lançado oficialmente em 2022, queremos – Prefeitura, universidades, entidades civis e empresariais – dar nova vida aos espaços históricos e arredores, tornando-os atrativos para morar, estudar, investir e se divertir. Que tal colocar ali um empreendimento? Ao longo da Avenida Rio Branco, na Vila Belga ou na Gare? Além de vender um produto, você vai vender uma experiência de imersão na história de um dos maiores municípios gaúchos. A Prefeitura está investindo (licitações já estão lançadas e outros projetos estão concluídos) na infraestrutura do Centro: pavimentação das ruas, iluminação, reforma de prédios, o que é necessário para bem recebê-lo.
Vislumbrou o primeiro caminho? Vamos para a próximo: turismo religioso. Santa Maria é a sede de uma arquidiocese responsável por 39 paróquias, 485 capelas e outras estruturas. A Arquidiocese de Santa Maria abrange 26 municípios que, no total, somam 462 mil habitantes. Dos quais, segundo dados do censo do IBGE em 2010, 334.866 são católicos. A Romaria de Nossa Senhora Medianeira, que, em 2022, passa a ser um evento de dois dias, é a prova de que esse público merece atenção. Claro, poderíamos falar de outras crenças, também muito presentes e em ascensão, como as próprias Igrejas Evangélicas, os centros espíritas ou as religiões de matriz africana. Todos os grupos têm identidade própria, consomem e procuram a propagação da fé.
E, por fim, dentre aqueles pontos que optei por citar neste texto, não poderia deixar de mencionar o óbvio: a educação. Santa Maria possui duas universidades fabulosas, cada qual com as suas características: a Universidade Federal de Santa Maria (UFSM) e a Universidade Franciscana (UFN), além das demais faculdades. Tanto estudantes quanto professores e outros servidores e colaboradores são consumidores em potencial: precisam morar em algum lugar, descansar, festejar a vida. Os setores imobiliário e de entretenimento têm, nesse aspecto, um vasto campo a ser observado.
Fugindo do pragmatismo, há o manancial de conhecimento, capital humano e intelectual, laboratórios abertos ao financiamento de pesquisas e parceiros para desenvolver marcas e produtos. Startups, parques tecnológicos e vontade de crescer pipocam nas mentes brilhantes que circulam nos corredores das universidades. Vale parar, conversar com professores, alunos e gestores e construir coletivamente um futuro melhor para todos, não é mesmo?
Último parágrafo, prometo: comecei o texto abordando o passado no qual as ferrovias nos ligavam ao resto do Brasil, certo? Pois é. É inegável que o meio de transporte para conectar uma cidade desenvolvida ao restante do mundo é, atualmente, o avião. O nosso Aeroporto está estruturado. Santa Maria conta com voos regulares para Porto Alegre, terá, a partir de novembro de 2022, conexões aéreas diretas com São Paulo e, de dezembro a fevereiro, no período das férias de verão, voos para Florianópolis, em Santa Catarina. O transporte rodoviário intermunicipal e interestadual soma-se ao modal aéreo nas possibilidades de deslocamento.
Portanto, é hora de pensar fora da caixa. É momento de pararmos de elencar somente os potenciais e, de fato, colocarmos a mão na massa e explorarmos cada caminho para um futuro ainda mais próspero. É um convite, você aceita?
*Texto de responsabilidade exclusiva do autor e sua opinião não representa, necessariamente, a posição da ADESM.
Rodrigo Decimo
Engenheiro civil, empresário, ex-diretor da Federação das Indústrias do Estado do Rio Grande do Sul (Fiers), Ex-presidente do Sindicato da Indústria da Construção Civil (Sinduscon) e da Câmara de Comércio, Indústria de Santa Maria (Cacism) e Vice-Prefeito de Santa Maria.
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